SUA MENSAGEM

João Filho - Poeta e prosador lapense


 Prata da casa.

João Filho (João Batista Fernandes Filho) nascido e criado em Bom Jesus da Lapa (1975), desde cedo despertou o interesse pela leitura. Seu pai, ao contrário da multidão, incentivava  seus filhos à leitura, trocando  a TV pelos livros. A estratégia deu certo, o garoto prodígio tomou gosto e hoje é um célebre poeta e prosador. Mora em Salvador, casado com Álex Leilla, escritora, também lapense.  Seu primeiro livro publicado foi "Encarniçado", possui um vasto trabalho.


Dono de uma capacidade incomum em trabalhar a prosa e verso, deixando-os com feições única, onde abomina os clichês e artifícios empregado por muitos autores da atualidade. Diga-se de passagem: um autor extremamente comprometido com o original, com o novo e o surpreendente.

João Filho é comparado a célebres nomes da literatura brasileira. Assim é  descrito por Ricardo Domeneck :  "Em minha opinião, os melhores parâmetros para julgar a qualidade da escrita de João Filho nós encontramos naquela estante mental em que habitam trabalhos como Qadós, de Hilda Hilst (1930 - 2004) ou Catatau, de Paulo Leminski (1944 - 1989), mas também trabalhos como Abraçado ao meu rancor, de João Antônio (1937 - 1996)".

João e Álex Leilla
O poeta prosador teve mais um livro publicado pela editora P55 Edições, "Ao longo da linha amarela" projeto "Cartas Bahianas". Recentemente participou de uma entrevista ao escritor  Ariano Suassuna - "Só nos dão o osso"



Participou das antologias: Os Cem Menores Contos(Ateliê Editorial). Contos Sobre Tela (Edições  Pina kotheke). Terriblemente Felices, Nueva narrativa brasileña (Emecê Editores). 35 Segredos para chegar a lugar nenhum (Bertrand Brasil). Travessia Singulares-Pais e filhos(Casarão do verbo). Em 2004 publicou "Encarniçado"(Editora Baleia). Em 2008 publicou Três Sílabas.

Blog do poeta: Voo sem pouso

Veja abaixo trechos de alguns de seus trabalhos:


Das elegias: resoluta

Não mais memória, não mais a vaidade
de durar em qualquer ponto do espaço;
agora a simples luz sobre a cidade,
conforto de mistério sem cansaço,

não fácil. A bendita brevidade
vivida, que cintila no meu braço
onde pousa veloz em raridade
canta e parte azulando o sanhaço que

cruza o parque e o círculo de clareza;
nos ipês altos, tão velhos, o vento
é apenas o vento, e na pobreza

digna dos vendedores atentos
os níqueis dão os pães da certeza, que
os pombos migalham no pavimento.

***

1º deduragem –



Cabral casquetou – cogitas o quê, bostinha? décadas de coió e pretendes a lábia? desembuxa! do camburão no aperto. cataram-me na porta de casa, Xotinha inda encostou e França rosnou – circula, circula. dei de mal. também só apareceu patente: tenente dois, major um, pra me pegar. sexta'carnavalesca, eu mão na massuda, tirando anos, enroupando um e as patentes fecho'cercaram – se esticar no pé, esticado fica, seu bostinha! obedeço. a mana'caçula vacilou numa quebra do Morro, o degas-bostinha aqui que deu a presença e se samba-treiteou. peguei purga. a mana e a amiga, necas. -----
***

o pensamento é rápido raio, devera
o raio é uma descarga que fulmina
como fulmina praga de megera
para as dores é presta a penicilina
sem pressa na presa a morte espera
combustão lépida é pira de gasolina
defunto, o corpo logo degenera
e o suicida sabe, é fatal estricnina
som com som o supersônico dilacera
com choro a vida depressa ensina
moléstia é ríspida, rasga rasteira
somo tudo, mas no fim a soma zera:
pois nada mais rápido (a tripa tintina)
do que uma colossal caganeira
***
Os dias grandes
Manhã dissipadora,
azul e antifantasmas,
seu vasto lençol de luz
protege sem esconder,
materna como quem nutre.
Se todo o entorno aclaras
também a alma, ex-pavor,
deambula pela casa
menos dor e inflamada.
Nesta quarta-feira austera,
nítida como uma culpa,
ajuda-me a destecer
os caminhos começados,
quantas vezes a malha
no novelo esgarçada,
o linho-dádiva e sujo
nos quintais, campos e praças
e nas ocultas cisternas
que do berço à cova nos
dessedenta e maltrata,
como convém a essa doença -
mais tratada mais se espalha,
saúde que escalavra.
Manhã inédita e arcaica,
reverência contemplada,
apesar do dia sólido
em folha sorvendo sol:
totem desmistificada.
***

Por Irineu Magalhães


5 comentários:

  1. Muito bacana a iniciativa do blog, parabéns!Vida longa ao amigo João Filho.

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  2. Gostei. Estou ansiosa pra ler as narrativas deste escritor. Estou buscando narrativas que tenham como espaço a cidade de Salvador. Quais das narrativas dele tem esta característica?

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    1. Olá Lícia, obrigado pelo comentário. Livros de João Filho tendo como cenário Salvador: "Ao longo da linha amarela" e "Dicionário amoroso de Salvador". Excelentes livros. Abraço.

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    2. Olá Lícia, obrigado pelo comentário. Livros de João Filho tendo como cenário Salvador: "Ao longo da linha amarela" e "Dicionário amoroso de Salvador". Excelentes livros. Abraço.

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