SUA MENSAGEM

Frei Luís Cappio - O homem que lutou contra a transposição do Rio São Francisco.


Quando o amor é para sempre


        Quem se lembra de Dom Luís Cappio? Há alguns anos quando o projeto de transposição do Rio São Francisco saiu do papel, Dom Luís, lutou, reclamou contra, passou vários dias em greve de fome. Dom Frei Luiz Flávio Cappio, carinhosamente chamado de frei Luiz, 61 anos, pessoa de eminente santidade pessoal e de incondicional amor aos deserdados do vale do São Francisco, ainda frade jovem, militou na Pastoral Operária em São Paulo. Nasceu no dia 04 de outubro de 1946, dia de São Francisco. Como este, revela, também, uma paixão sem igual pela causa são-franciscana e um amor extremado pelo povo da bacia são-franciscana e do Semi-Árido. Há 33 anos chegou à Diocese de Barra/Bahia, no Médio São Francisco, só com a roupa do corpo e sandálias.  Fez um dos melhores cursos de teologia do Brasil, em Petrópolis. Foi aluno de Leonardo Boff e de tantos outros teólogos da Teologia da Libertação. Cursou economia também.

Para Dom Cappio, o rio São Francisco é "a mãe e o pai de todo o povo, de onde tiram o peixe para comer, a água para beber e molhar suas plantações - principalmente em suas ilhas e áreas de vazantes. Mesmo não sendo o maior rio brasileiro em volume d'água, talvez seja o mais importante do País, porque dá condição de vida à população. Sempre dizemos: rio São Francisco vivo, povo vivo; rio São Francisco doente e morto, população doente e morta".



E não é que fomos recebidos pelo Frei Luís Cappio? Ele mora em Barra, (antiga Vila de São Francisco de Chagas da Barra do Rio Grande) onde o Rio Grande passeia lado a lado com o velho Chico, no Médio São Francisco.
Dom Luís tem uma forte ligação com o rio. Por volta de 1992, iniciou sua peregrinação da nascente à foz. A viagem durou um ano. Segundo ele, e assim conta no seu livro “O Rio São Francisco – Uma Caminhada entre Vida e Morte”, pela Editora Vozes, ele buscava chamar às pessoas, os olhos para grandiosidade do rio e a necessidade de sua preservação. A séria questão de existência para todos os seres vivos.


É expedicionário, assim como nós. De canto em canto, descobre histórias do povo e sua forma de amar, cheia de generosidade. Também aprendeu a admirar o jeito de como eles lindam com as questões da vida. E para ilustrar, nos conta sobre Maria do Sal, lá de Santo Inácio, e sua fidelidade ao único amor da sua vida: um mascate que prometeu ama-la para sempre e por isto, se tornou seu único e grande tesouro. Dom Luís conversa com a gente pela voz das pessoas que conheceu e com elas aprendeu as lições da vida.
Dom Luís sendo hospitalizado devido  a greve de fome
Deixamos presentes: as histórias de Minas em DVD e uma centena de fitinhas. E levamos daquele que é um dos líderes de projeção contra a transposição do Rio São Francisco e em defesa dos direitos dos povos ribeirinhos, a grata alegria em ter conhecido um homem que ama, verdadeiramente, o povo do Velho Chico.

5 comentários:

  1. Sensacional esse depoimento! Agora o pior é que o nosso velho chico continua passando por dificuldades, principalmente em Sergipe. O Bispo um grande defensor dessa causa um São Franciscano que ama a natureza mas precisa de seguidores para preservar o que temos de melhor que é a água (água de beber, água que rega a planta para nossa alimentação, água que...). Pense nisso, no hoje, no amanhã, nos seus filhos, netos... Acassio Rivelino!

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  2. Há! Outra coisa que não devemos deixar de comentar é a situação da transposição que foi iniciada, superfaturada e o pior é que parte da obra está deteriorando e muitas placas precisam ser refeitas e com isso mais dinheiro publico, mais lixo de construção (lixo Classe II-inerte), mais descaso...E o pior! A água não chegou no destino e muitos prezuijos para o povo nordestino que passaram até necessidade para beber. Prejuizo incalculado!

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  3. É preferível que uma vida seja sacrificada em prol de que muitas possam ser salvas com a água no Nordeste, principalmente no Sertão. Para muitos é uma catástrofe a chegada da água nessa região. O Frei Luis precisa visitar o Sertão nessa seca que atualmente estamos passando, porque o que os olhos não veem o coração não sente.

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    1. Sim concordo com você, desde que essa obra não estivesse emperrada, das dificuldades geográficas para transpor as água do São Francisco. Dos problemas causados aos ribeirinhos.É um obra tipo gangorra, resolve um lado piora o outro.

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    2. A questão da resolução da seca do semi-árido não se resolve com a transposição do Rio, que não é tão perene como os rios amazônicos. Isso com o tempo vai agravar o drama social dos ribeirinhos e o drama dos sertanejos.Para uma obra dessa natureza dar certo, deveria haver um projeto de engenharia de maior envergadura, como adutoras que alimentassem o Velho Chico retirando águas do Araguaia, por exemplo. O que está por trás desse demagógico projeto, é o cumprimento satânico de um pacto com grandes empreiteiras para saciar os bolsos de um partido que traiu as causas populares e o seu ideal de transformação radical desse mundo de egoísmo e maldade da burguesia. Frei Luiz Cápio estava coberto de razão. E de coragem. O que falta a esses energúmenos traidores que nos governam.

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