Aí está um pouco da história desse grande lapense, pessoa que mui admiro e prezo, meu amigo Geraldo Bastos.
Geraldo Bastos e sua esposa, Dona Lysia Martha |
MINHAS PRIMEIRAS LETRAS*
Nasci em Lagoa Real, então município de Caetité, Bahia, de onde saí, aos quatros anos de idade, em 1934, para residir em Bom Jesus da Lapa. Os meus primeiros passos para a aprendizagem das letras foram iniciados aqui, em Lapa. Minha mãe sempre foi a pessoa que cuidava dos afazeres domésticos e, consequentemente, da educação dos filhos, mesmo porque meu pai, Homero Pinto Bastos, se autoformou em medicina e farmácia, comum naquela época, e se ocupava no atendimento dos pacientes e fregueses, tendo a fama de bom médico e manipulador de drogas medicinais, em toda a redondeza.
A ela, na carência de professores formados que lecionavam em Lapa, devo o aprendizado das primeiras letras. Com a paciência típica de mãe responsável e cuidadosa, escrevia a lápis em papel de caderno, primeiramente as vogais que, de inicio, eu as cobria e depois passava a copiá-las, fixando na memória o seu formato e o seu fonema. Em seguida, da mesma forma, procederia com as consoantes. E, paulatinamente, ensinava-me a unir as letras, na formação das sílabas, na composição das palavras. Depois de muito estudo e desânimo, a alegria me tomava conta ao saber que a ABA de um chapéu poderia ser representada por simples combinação das letras a, b, a.
O meu nome, GERALDO, foi escrito inúmeras vezes, com admiração e ufanismo – orgulho de ter um nome e transportá-lo a um papel. Maiúsculas e minúsculas lá estavam já prontas para serem distribuídas em uma frase, em um capítulo. Posteriormente, a aprendizagem dos números ordinais, as suas grafias, os seus valores, a sua sequência, as suas combinações... Minha mãe, minha mãe... foi a primeira e melhor professora que tive. Sem formação catedrática, guiou-me para o prazer dos estudos, para que eu usasse e abusasse das vogais, das consoantes, das sílabas, das palavras, dos textos.
E o aprendizado seguia seu fluxo. Passei a estudar sob a orientação de duas abnegadas e heroicas professoras leigas: Professora Vitalina e Prof. Cilu, com as quais me familiarizei com as cartilhas, com as tabuadas, com as sabatinas entre colegas, a fim de adquirir um entrosamento mais social. Somente depois de saber ler e escrever e, modéstia à parte, aplicá-las de modo correto, é que passei a frequentar a escola pública, com aulas ministradas por professoras formadas.
Aqui, em Lapa, estudei nas Escolas Reunidas, educandário público estadual, sob a orientação precisa da Profa. Eulina, pessoa compreensiva e carinhosa para com seus discípulos e que, com sabedoria e cuidado maternal, os conduzia a uma boa leitura e gosto para os estudos.
Também frequentei a escola primária em Riacho de Santana, onde morava a minha irmã, professora Didi, de onde saí para o Seminário em Petrolina (PE), já com doze anos, quando desenvolvi meus estudos que, embora modestos, satisfazem o desempenhos para a direção de meu comercio e as aulas que administrei aos queridos alunos, com que, graças a DEUS, contribuí para a formação de diversos professores, escritores e profissionais liberais. Tudo deveu-se ao impulso inicial de um ente humano humilde, sem ambições maiores que o de ver o bem estar e a vitória de seus filhos, apelidada carinhosamente de Yayá.
*Do blog do amigo Orlando Fraga
Um texto encantador, afetuoso, como deve ser, vindo de Seu Geraldo!
ResponderExcluirUma descrição simples e amorosa sobre o momento salutar do primeiro contato com as letras, que deve ser assim, positivo, prazeroso, construtor e refletir em todo o aprendizado posterior! Uma riqueza!
Disse tudo Ádma: a infanto história de Seu Geraldo condiz perfeitamente com o homem íntegro que se tornou, um cidadão de bem, que criou todos os seus filhos em retidão.
ExcluirA historia de Sr. Geraldo é cheia de detalhes tão lindo que nos dias de hoje já não encontramos mais. Parabéns, Sr. Geraldo pela linda historia que o sr. escreveu e que serve de exemplo para todos nos
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